domingo, 21 de novembro de 2010

Um Ser Livre

Conheci-o no dia em que nasci. Perdi-o no dia em que me morreu. Sabia ler sem nunca ter ido à escola e fazer música sem conhecer as notas. Mas sobretudo sabia identificar os sinais que a natureza lhe transmitia. Lia as nuvens, o vento, as estrelas e sabia sempre o que o tempo nos reservava.
Eram as noites que passava no embalo da sua bateira, com as estrelas como tecto quando a lua se acendia, que lhe ensinavam todos os sinais.
Era um homem de vida livre. Ele e a natureza viviam em perfeita harmonia. Vivia do mar e da ria e para eles.
Ensinou-me tudo e sobretudo transmitiu-me o que os seus olhos cor do mar conseguiam alcançar. As pequenas coisas da vida, os seus sonhos,  esperanças, a apreciar os pormenores da natureza, a dar valor a tudo com que ela nos brinda e do tão pouco que precisamos para ser felizes.
Era um homem de natureza livre, humilde , generoso, solidário…de um altruísmo comovente. Era uma força da natureza!
Há pouco tempo alguém me perguntou se não pensava em mim em primeiro lugar. Hesitei, mas de imediato conclui que pensava em mim em último lugar.
Que boa sensação!
Obrigado avô por tudo o que me ensinaste!

Sem comentários:

Enviar um comentário