domingo, 28 de novembro de 2010

Amizade como exercício de Liberdade



Recordo aquele Verão alucinante. Sucediam-se as festas, os amigos, a magia dos fins de tarde à beira-mar. Foram momentos de “loucura”, descontracção, partilha, de conversas intermináveis de brilho no olhar. Não há amizade sem partilha de emoções. A vida voltou a pulsar dentro de mim.
Findo o Verão ficou a nostalgia de momentos e pessoas inesquecíveis, que permanecem na nossa vida, independentemente da distância a que se encontram.
A amizade é generosidade, dar e receber, estar perto quando se está longe, é a chama que nos alimenta a alma. Do coração dos amigos vem a percepção dos nossos momentos tristes e felizes, em presença ou em espírito.
A amizade é um fluido colorido onde nos banhamos, que nos faz receber a cor do outro e faz o outro receber a nossa cor. Isto é a empatia da amizade.
No reencontro surge a sensação de que nunca estivemos longe. O Oceano podia separar-nos, mas nos momentos de saudade e nostalgia chegava sempre oportuna a mensagem, a conversa. As emoções voltam à tona, os momentos intermináveis de conversa e o brilho nos olhos reaparecem como que por magia.
A amizade é um exercício de liberdade, é incondicional, intemporal e é sobretudo o respeito pelo outro!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Liberdade

No dicionário diz que é “Direito de proceder conforme nos pareça, contando que esse direito não vá contra o direito de outrem.”, mas cada vez mais, tende para a outra definição “demasiada familiaridade”. Isto apenas porque todos pensam que a liberdade é poder fazer tudo o que nos dá na “real gana”,sem pensar nas consequências que possam acarretar para o mundo que nos rodeia…
“La liberté”, como dizem os franceses já serve para sem qualquer problema insultarmos quem quer que seja, sem ter medo das possíveis consequências desse acto…e porquê???? Porque as liberdades adquiridas na revolução de 74, o qual só conheço por livros de História, trouxeram um sentimento de “deixa andar” e de impunidade para as pessoas que desrespeitam desde os animais, às pessoas que convivem com elas…
Os Srs Drs Juízes nunca pensam em julgar ninguém por estes crimes “pequenos”, deixando os “meninos” que os cometem poder “trepar” na árvore do crime e mesmo assim sem nunca ninguém os castigar…
Mas a liberdade é mesmo isto. Deixar todos usufruir da vida que temos…mas e quando essa liberdade faz com que estes “meninos” filhos de boas famílias virem toxicodependentes, porque se forem identificados como tal, apenas são levados ao GAT e fumam mais uma “ganza “ com os Psicólogos, pagos pelo dinheiro dos contribuintes deste país LIVRE, como tentam pintar…
Estes mesmos meninos vão aumentando o apetite pelos estupefacientes e sobem de “escalão”, para drogas mais duras…pois a liberdade permite-lhes a opção pela vida que quiserem…e aí o dinheiro que recebem quer de mesadas ou de salário (os que ainda vão tendo vontade de trabalhar, ao invés de receber o famoso Rendimento Mínimo de Inserção) já não chega…então, que vamos fazer???? Utilizar mais uma vez  a “freedom”, para nos inserirmos na casa de alguém, que se levanta todos os dias para trabalhar e tentar pagar as contas…e furtar uns bens que servirão para mais uma dose…isto porquê??? Porque a minha liberdade não será posta em causa, as prisões estão cheias, e então vamos dando mais oportunidades a estes belos moços pois a “culpa” não é deles…é só nossa…porque deixamos chegar a nossa sociedade a este ponto…
Culpa também temos nós quando incutimos nos nossos sucessores que os seus professores, polícias, pessoas que antigamente temíamos, mas respeitávamos, são todos uns burros, palhaços e não têm qualquer valor. Mas se não fossem eles com as suas maneiras mais duras, por vezes demais, não seríamos respeitadores, ao invés desta nova juventude que nem respeita os mais velhos, as autoridades, os animais, a vida em sociedade, etc…ficando felizes por poderem gozar com os idosos respondendo-lhes mal em vez de serem doces com eles, serem considerados os “maiores” porque conseguiram enganar a “bófia” ou por fumarem uma “broca” e eles não lhe fazerem nada…
Há 10 - 15 anos…algo seria impensável pois se os nossos pais soubessem que respondemos aos nossos professores, ou se algum policia viesse à porta da casa deles por alguma coisa que tivéssemos feito, levávamos o suficiente para pensar duas vezes antes de o fazermos novamente. Hoje em dia, se um professor levantar a voz a um menino “mal educado”, o pai quer bater ao professor , em vez de questionar o porquê de tal atitude por parte do mesmo.
Enfim poderia dar um sem número de exemplos…mas todos nós os conhecemos.
Para terminar, as liberdades cresceram duma forma imensurável tornando as coisas descontroladas, pois quem regula as mesmas através da criação das leis, fá-lo a pensar em deixar sempre uma porta aberta para a sua própria liberdade mesmo se for culpado…
E assim se vive em Portugal…gozando com as liberdades dos outros e apregoando que somos livres!

A. Autoridade

domingo, 21 de novembro de 2010

Um Ser Livre

Conheci-o no dia em que nasci. Perdi-o no dia em que me morreu. Sabia ler sem nunca ter ido à escola e fazer música sem conhecer as notas. Mas sobretudo sabia identificar os sinais que a natureza lhe transmitia. Lia as nuvens, o vento, as estrelas e sabia sempre o que o tempo nos reservava.
Eram as noites que passava no embalo da sua bateira, com as estrelas como tecto quando a lua se acendia, que lhe ensinavam todos os sinais.
Era um homem de vida livre. Ele e a natureza viviam em perfeita harmonia. Vivia do mar e da ria e para eles.
Ensinou-me tudo e sobretudo transmitiu-me o que os seus olhos cor do mar conseguiam alcançar. As pequenas coisas da vida, os seus sonhos,  esperanças, a apreciar os pormenores da natureza, a dar valor a tudo com que ela nos brinda e do tão pouco que precisamos para ser felizes.
Era um homem de natureza livre, humilde , generoso, solidário…de um altruísmo comovente. Era uma força da natureza!
Há pouco tempo alguém me perguntou se não pensava em mim em primeiro lugar. Hesitei, mas de imediato conclui que pensava em mim em último lugar.
Que boa sensação!
Obrigado avô por tudo o que me ensinaste!

Liberdade - Acróstico



Levantar a confiança e o sonho
Idealizar tudo
Batalhar por isso
Errar, mas…
Repetir e não
Desistir
Abraçar a
Diferença
Evitar a monotonia da igualdade…

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

POVO LIVRE DE LIBRÉ

Ficamos tensos, quando pretendemos falar de liberdade. Vocábulo intimidador, afeiçoa-nos ao rosto uma circunspecção de urgência, faz-nos gosmentos, afila as ventas mais espraiadas, leva-nos a adoptar a posição de pensador à Rodin, retira em ideias o que faz sobrar em gestos esvoaçantes. Liberdade é, entre nós, um desafio à real utilidade dos nossos supostos 100.000 milhões de neurónios.

Não havendo da liberdade sequer um conceito, fazemos dela um confeito para todos os gostos e paladares. Eis por que, movidos de arroubos de patriotismo de fancaria, já lhe chamámos Santa Liberdade, montando-a a cavalo e sem cair (Hino da Maria da Fonte) ou, não abandonando a zoologia, também já a pusemos a falar pelo bico do «Passarinho preso», porque, ainda bem!, não era dodó:
                                    ……………………..
                                    Da minha sorte j’agora
                                    Queixas não torno a fazer;
                                    Antes gaiola que um tiro,
                                    Antes penar que morrer. (Bocage)

Antes, digo eu, uma arrochada à maneira do ignoto Manuel Laranjeira: «Ninguém lhe [ao povo ] ensinou os seus direitos e deveres. Ele dos direitos do Homem tem apenas a noção secular, tradicional – obedecer. Os seus direitos de cidadão livre? Mas como querem que ele os defenda, se nem sequer sabe que eles existem?[…] Deram-lhe liberdade, oh!, fartaram-no de liberdade. Tão-somente não o ensinaram a estimá-la e a defendê-la. […] Não nos iludamos. Ou nos salvamos nós, ou ninguém nos salva. […] Os messias de quadrilha, esses têm um ventre esfíngico e mais difícil de saciar que o ventre misterioso das nações vivas quando andam à caça das nações mortas para as devorar.» (O Norte, 14 de Janeiro de 1908).
E enfureceram-se os nossos egrégios avós, ao saberem do «poor, paltry slaves» com que Byron nos brindou!
Salvien de Marselha (séc. V) explica o que, para ele, esteve na origem da queda do império romano: «Para não morrerem sob a persecução pública, as camadas populares vão procurar entre os Bárbaros a humanidade dos Romanos, porque não podem suportar mais, entre os Romanos, a desumanidade dos Bárbaros. Diferem dos povos em que se refugiam; não têm nada das suas maneiras, nada da sua maneira de falar, e, se me é permitido dizê-lo, o que se diz mesmo nada do odor fétido e dos trajos bárbaros; preferem, todavia, submeter-se a esta dessemelhança de costumes a ter que sofrer, entre os Romanos, a injustiça e a crueldade. […] Agrada-lhes mais viver livres sob uma aparência de escravatura, do que como escravos sob uma aparência de liberdade.» Consta que Salvien perit ridendo – que morreu de tanto rir!
E não dá vontade de morrer a rir que os ocidentais baluartes dos direitos, liberdades e garantias mendiguem capitais junto de nações que estão-se nas tintas até para os Direitos do Homem? Ou já o Belo não está na Liberdade, e na Independência a fuga à opressão?!
            Compreenda-se por que o lendário Zêuxis (464 a.C. – 398 a. C.) também morreu de riso. Uma velha muito feia encomendou-lhe uma pintura de Afrodite. Mas com uma condição: a de ser ela o modelo do pintor!
         Costa Carvalho

sábado, 13 de novembro de 2010

A revolução sexual da geração de 60


Estávamos no início da década de 60. A pílula anticoncepcional tinha acabado de surgir provocando uma autêntica revolução nos comportamentos sexuais. O conceito de sexualidade alterou-se - o sexo pelo prazer!
Esta época efervescente de alteração de comportamentos, de irreverência, de desejo dos jovens se rebelarem aos padrões e comportamentos estabelecidos, a procura de liberdade de expressão e liberdade sexual emergiu sobretudo dos comportamentos femininos.
A inglesa Mary Quant e o francês Courrèges revolucionaram a moda e os padrões,  ao introduzirem a minssaia no vestuário feminino. Os ideais da época exigiam alterações visuais. Assim as roupas representavam um símbolo de libertação dos costumes: a minissaia, o  biquíni, os calções, as calças. Com a moda surge também o desnudamento. Esta alteração da forma de vestir das mulheres está directamente ligada ao novo papel sexual que ela vem assumir e com a sua libertação.
 As mulheres conquistavam o seu espaço e começavam também a usar roupa tradicionalmente masculina (calças, smoking). Afirmam-se cada vez mais na sociedade, começam a trabalhar, a emergir, a ganhar força, surgem com novos discursos. Começam a despontar os movimentos feministas, a luta pela igualdade de direitos, salários e poder de decisão.
Mas a década de 60 foi igualmente pródiga em movimentos sociais. A juventude rebelde estava ansiosa por chocar e mudar padrões de conduta, que se traduziu no movimento de contracultura, tendo como protagonistas os hippies, que contrariavam totalmente os valores sociais da época. Os seus ideais assentavam na paz e amor (peace and love) através do poder da flor (flower power) e na libertação da mulher (women’s lib.). Esta nova filosofia de vida traduzia-se, para além dos seus comportamentos, no seu aspecto físico, cabelos compridos, roupas coloridas e excêntricas, na música e no consumo de drogas.
A rebeldia dos anos 60 culminou em 1968 com o irromper de movimentos estudantis, que tomaram conta das ruas em diversas partes do mundo. Contestavam a sociedade, a moral, os costumes, a estética, a sexualidade, a cultura, os conflitos, as guerras.
Toda esta efervescência teve o seu auge em 1969, quando se juntaram cerca de 500 mil pessoas no maior festival de música rock de todos os tempos, o “Woodstock”, onde durante 3 dias se deu asas ao amor, sexo, drogas e música.
A Geração de 60 mudou o mundo!

Ana Paula

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Liberdade


Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.


                                            Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 6 de novembro de 2010

A Estória de Fernão Capelo Gaivota

Fernão Capelo era uma gaivota diferente das demais. Tinha um sonho...aprender a voar sem limites!
Dedicou toda a sua vida a perseguir esse sonho, e por ser diferente, não convencional e desafiar as regras da sua comunidade, foi banido.

Viveu só mas feliz. Os seus ideais fizeram-nos voar mais alto, procurar a liberdade plena e a perfeição.
E foi assim que ultrapassando progressiva e pacientemente as suas limitações, ao quebrar as correntes do seu pensamento quebrou as correntes do corpo e o seu corpo tornou-se o próprio pensamento.

O seu espírito elevou-se e chegou ao paraíso. No paraíso pensou, não devia haver limites, mas logo aprendeu que o paraíso não é um lugar nem um tempo. O paraíso é ser perfeito, e que o mais importante na vida era olhar em frente e alcançar a perfeição naquilo que mais se gosta.

Só a lei que conduz a liberdade é verdadeira e a nossa liberdade não é mais que o próprio pensamento.

Foi um dos mais belos livros que já li, um dos livros da minha vida. Inspirou os ideais de liberdade da minha adolescência e da minha vida.

Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos encontrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres! PODEMOS APRENDER A VOAR!

Ana Paula

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Liberdade, até onde?

Ao abrirmos os olhos pomos fim à nossa liberdade, pelo facto de pertencermos a um todo que não dominamos, a sociedade.
Cessam em nós os nossos pensamentos e ideias mais irreverentes e diferentes, porque sabemos que deles surgirão críticas, punições e condicionamentos que carregaremos a vida inteira.

Carregamos o fardo do que fizemos e o fardo do que escondemos dos outros (por não podermos assumi-lo). Estamos pois, presos a uma realidade que os outros nos permitem.
Ao sermos pessoas diferentes temos diferentes limites e temos, sobretudo, diferentes percepções dessas "correias" da expressão.
Enquanto um dito louco consegue ignorar as crenças e valores, os demais que o rodeiam , expressando-se com maior liberdade, vivem por outro lado confinados a quatro paredes (do hospital ou da família) sem que ninguém lhes dê ouvidos.
Outros de tal forma presos aos ideais e às normas da sociedade acabam por não viver vida alguma, senão aquela que os outros querem que viva - perdendo inclusive a liberdade de pensar e sonhar.
A nossa verdadeira liberdade traduz-se somente nos nossos pensamentos - aqueles que nos invadem e que permanecem infinitamente no nosso consciente, sem que sejam jamais verbalizados ou concretizados

C. Belém

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A liberdade e o sonho andam de mãos dadas


"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

Bernardo Soares in Livro do Desassossego